As varizes constituem a mais comum de todas as alterações vasculares, apresentando uma alta prevalência mundial. No Brasil estima-se que cerca de 38% dos adultos convivem com a doença. No público feminino, o número é ainda maior, 45% apresentam a condição. Entre as pessoas com 70 anos, 70% têm algum grau do quadro conhecido por insuficiência venosa crônica.
Varizes ou veias varicosas dos membros inferiores são veias localizadas no subcutâneo que se tornaram dilatadas, tortuosas e alongadas, com alteração da sua função, que é de levar o sangue de volta ao coração e pulmões.
Engana-se quem pensa que varizes seja apenas uma alteração estética. Diversos estudos mostram que repercussões mais sérias à saúde podem ocorrer com maior frequência em pacientes com veias varicosas.
São várias as causas sugeridas como fatores de risco para o desenvolvimento de varizes. O fator familiar e hereditário são considerados como os principais na formação das varizes. Outros fatores associados no desenvolvimento da doença varicosa são: gênero feminino, idade (a partir da adolescência, raro na infância e maior prevalência entre 30 e 50 anos), obesidade, múltiplas gestações, interação de hormônios femininos, assim como o fato de permanecer parado longos períodos em pé ou sentado.
A dor é a queixa mais importante e frequente no quadro de varizes dos membros inferiores. Também são comuns as queixas de cansaço, sensação de peso, inchaço e câimbras. Nos quadros mais avançados pode apresentar alterações da pele como manchas e coceira.
A condição de insuficiência venosa dos membros inferiores decorrente à varizes pode evoluir com complicações como processos inflamatórios e infecciosos, trombose e úlcera de difícil cicatrização.
A dor determinada pelas varizes habitualmente é difusa (pouco localizada) e descrita como sensação de peso e queimação. Uma característica da dor decorrente às varizes é o alívio com a elevação dos membros, embora nem sempre esta melhora seja imediata. Um outro aspecto importante da dor da doença varicosa é que a mesma não tem relação entre a intensidade da dor e a quantidade e tamanho das varizes - alguns pacientes apresentam varizes calibrosas com pouquíssimas queixas, enquanto outros, apresentam apenas microvarizes ou varicoses e podem queixar-se de dor intensa.
O diagnóstico é realizado basicamente pela história clínica (queixa) do paciente e exame físico dos membros inferiores. O Ecodoppler Colorido definitivamente é o principal exame complementar no diagnóstico de varizes e de outras patologias do sistema venoso. Tem como grande vantagem ser um exame não invasivo e de não trazer nenhum risco ao paciente. Tal exame identifica áreas de refluxos venosos e detalhes anatômicos variáveis em cada paciente, permitindo assim determinar um mapeamento venoso particular a cada caso, apontando o melhor tratamento, além de poder identificar possíveis oclusões e/ou refluxos (tromboses) no sistema venoso profundo.
As varizes apresentam caráter progressivo, por isso devem sempre ser tratadas quando diagnosticadas. Portanto a ausência de tratamento pode acarretar complicações tardias, por exemplo: alterações de pele e tecido celular subcutâneo como hiperpigmentação (manchas – dermatite ocre), eczemas (ressecamento com descamação da pele geralmente associado à coceira), dermatofibroses com queda de pelos de forma irreversível, hemorragias e ainda na sua evolução, úlceras venosas (feridas) de difícil cicatrização que frequentemente ficam infectadas e tromboflebites (tromboses superficiais).
Após avaliação médica, Ecodoppler vascular e à uma avaliação clínica geral é indicado a melhor alternativa de tratamento ao paciente.
Os pacientes são orientados quanto aos fatores que possam ter relação com a evolução da doença varicosa. Orienta-se praticar atividade física regularmente (principalmente aeróbicas como caminhada ou corrida); evitar sobrecarga para os membros inferiores; evitar permanecer períodos prolongados tanto em pé quanto sentado, compensando essas longas permanências com caminhadas; e manter seu peso corporal equilibrado.
O tratamento clinico é instituído aos pacientes que apresentam uma contra indicação cirúrgica, seja ela relativa ou absoluta. Consiste na associação do uso de terapia compressiva e/ou tratamento medicamentoso. As medicações flebotrópicas não interferem na progressão da doença varicosa nem tão pouco levam à reversão da insuficiência venosa (lesão valvular), mas proporcionam melhora dos sintomas durante o tratamento.
O tratamento cirúrgico está indicado para as varizes primárias e tem por objetivo a melhora estética e/ou funcional, com alívio dos sintomas e, fundamentalmente, restabelecer a fisiologia normal da circulação.
Dra. Fernanda F. Cardoso Stroparo
Angiologista e Cirurgiã Vascular
CRM-PR 15811 | RQE 9815